Casa Circular #2: construir para a economia circular

Construir para a economia circular faz muito sentido dentro do contexto da pandemia de Covid-19, que vem desafiando o status quo de nossas cidades e modo de viver. A pandemia evidencia que, mais do que nunca, precisamos repensar como ocupamos nossos territórios e desafia a sociedade para redefinir seus valores e planejar os próximos desafios. E por isso, é fundamental rever a conexão com o meio em que vivemos e desenvolver estratégias para que a gente habite um planeta mais saudável.

A Casa Circular surge antes mesmo do cenário da pandemia como uma resposta frente aos inúmeros desafios ambientais que viemos enfrentando ao longo das últimas décadas. A Casa Circular é um edifício pensado para a economia circular e inspirado no design circular e no conceito Cradle to Cradle (C2C) – ou do Berço ao Berço. Nesta casa, recursos como água, energia, nutrientes biológicos e materiais construtivos são reutilizados indefinidamente e circulam em fluxos seguros e saudáveis.

Este modelo pioneiro de construção já foi apresentado aqui no blog – em 2017, a gente construiu a Casa Circular #1 – atelier. A Casa Circular #2, que será construída em Jaguariúna, interior de SP, segue os mesmos fundamentos da primeira, porém com a diferença de que será usada como moradia (a primeira foi um atelier), o que a torna mais complexa do que a primeira versão.  

Inovação nos padrões de habitar e construir

Os clientes querem refletir em sua própria casa a sua busca por mudança de padrões para uma vida mais simples e sustentável. Cuidar dos fluxos da água, captar energia renovável e entender a casa como um banco de materiais – possibilitando ampliá-la ou remontá-la em outro local, foram pontos decisivos para a escolha do projeto.

O projeto partiu de algumas premissas do casal, que já trabalham com tecnologias e soluções sustentáveis, além de já terem feito o curso da Ideia Circular sobre economia circular na prática. Assim, sistemas de captação de águas pluviais, reuso de água, tratamento de resíduos, compostagem, telhado verde, arquitetura passiva, biodigestor, compostagem e biopiscina, soluções que já fazem parte dos parâmetros de projeto da Casa Circular, logo no início condicionaram os clientes para este tipo de solução.

Planejamento circular

O planejamento é a etapa mais importante de todo o processo, porque possibilita a otimização contínua dos recursos. Neste caso, o planejamento tratou desde o levantamento das espécies existentes no terreno até o desenho do mobiliário – buscando sempre efetividade e versatilidade.

Painéis de woodframe pré-fabricados compõem os módulos e o sistema construtivo adotado. A escolha por woodframe permite ampliações, reduções e também desmembramentos, possibilitando transformações dos materiais em novos produtos e usos em próximos ciclos. Resinas tóxicas, cola ou argamassa não fazem parte do projeto, permitindo que cada material retorne ao seu ciclo de forma saudável – no processo circular, mais importante do que utilizar materiais reciclados, é que eles sejam recicláveis para os próximos ciclos.

Além da modularidade do projeto, que oferece a possibilidade de ampliar a casa conforme as necessidades vão surgindo ou a família vá crescendo, a Casa Circular possibilita sua montagem e desmontagem – podendo “transferir” a casa (ou partes dela) para onde o casal desejar viver no futuro.

Estratégias bioclimáticas

A Casa Circular é projetada para otimizar os recursos renováveis e funcionar em harmonia com os ciclos naturais. Jaguariúna é uma cidade de clima quente na maior parte do ano, dessa forma uma das premissas do projeto foi garantir o conforto térmico da casa. O sistema de resfriamento natural associa lâminas d’água ao posicionamento das janelas provocando o efeito chaminé, que libera o ar quente pelas aberturas superiores. A parede em taipa de pilão, o viveiro de plantas acoplado à fachada, o telhado verde e a piscina natural também fazem parte das estratégias de conforto térmico e acústico, inclusive cumprindo outras funções. A piscina, por exemplo, capta e reserva as águas pluviais e resfria os ambientes (internos e externos), além de garantir um espaço saudável para lazer e descanso.

Diversos elementos trabalham para tratar as águas e a matéria orgânica: bacia de evapotranspiração para as águas cinzas e negras dos sanitários, círculo de bananeiras para as águas cinzas, biodigestor para os resíduos dos animais e matéria orgânica e composteira para os resíduos orgânicos, a qual vai alimentar a horta e o viveiro de plantas. 

A casa com vida infinita

Viver na Casa Circular é uma nova forma de habitar o Planeta, como parte integrante da natureza. A casa propõe uma outra forma de construir, onde não há desperdício e os recursos naturais e materiais saudáveis circulam dentro das suas esferas, a biosfera e a tecnosfera. O design circular aborda edifícios como banco de materiais e a gente sempre pensa no que acontece depois, com cada material ou recurso que usamos. E assim, a casa se conecta com o entorno e biodiversidade e se torna um lugar saudável, circular e regenerativo.

Relato de economia circular no Festival Path 2018: baixe agora

A Flock, em parceria com a Ideia Circular, criou o Relato de Economia Circular no Festival Path 2018. A ideia é dar oportunidade para quem não teve acesso ao evento e aos temas discutidos ali. O documento resume os melhores momentos do circuito de economia circular no Festival Path. Ao todo, dez painéis foram usados como base para o relato. O Festival Path é considerado o maior festival de inovação e criatividade do Brasil. No ano de 2018, Léa Gejer foi convidada a fazer a curadoria do evento. O festival ocorre em São Paulo e pela primeira vez trouxe o tema de economia circular.

O Festival Path angariou o tema de economia circular como uma vertente da inovação aqui no Brasil” diz Léa, “para mim foi uma oportunidade de juntar grandes atores da economia circular” completa a arquiteta.

Durante o festival,  a curadoria pode reunir atores de diferentes áreas da a economia circular. Léa acredita que o evento trouxe pluralidade de profissionais. “Foi bem completo, embarcamos várias áreas diferentes: construção civil, design, economia”. O festival reuniu 23 especialistas, entre arquitetos, acadêmicos, engenheiros, economistas, ambientalistas, inventores, empreendedores, designers e gestores.

Relato de Economia Circular no Festival Path 2018

“A importância do relato serve para que as as pessoas que não puderam ir ao festival, possam acompanhar uma visão geral do que tem sido feito para a economia circular no Brasil” informa a fundadora da Flock. Com o relato é possível saber o que os principais nomes de economia circular do país discutiram este ano. O relato está disponível no site da Ideia Circular.

“No próximo ano, existe a intenção de colocar em prática o que se fala na reunião dos atores. Ou seja, queremos trazer possibilidades concretas e não apenas teóricas da economia circular” informa Léa. A curadora promete trazer em 2019 exemplos práticos de aplicação da economia circular no festival.

Para baixar o documento do Relato de Economia Circular no Festival Path 2018 é preciso entrar na Ideia Circular. É só colocar seu nome, e-mail e pronto! Clique aqui.

Economia Circular no Festival Path

Léa Gejer é a curadora do tema de economia circular do Festival Path 2018, o maior festival de inovação e criatividade do Brasil. Ela também vai participar da mesa “Um futuro inspirado na natureza”, falando sobre seu trabalho na Ideia Circular e na Flock, olhando para a economia circular e o design Cradle to Cradle como movimentos que vão além da sustentabilidade, em direção a um futuro saudável e abundante.

São dez palestras com muitos convidados especiais que abordam o tema em suas mais variadas atuações. Vão apresentar seus trabalhos e ideias no evento  profissionais de diferentes áreas de atuação, como designers, arquitetos, economistas, empreendedores e educadores, cobrindo os diferentes aspectos e possibilidades para a transição para a economia circular  São 10 atividades relacionadas ao tema para você ficar totalmente por dentro do assunto.

A Ideia Circular preparou um roteiro com a curadoria. Veja a programação da curadoria aqui: http://ideiacircular.com/economia-circular-no-festival-path/

 

Casa Circular #1: atelier

O projeto Casa Circular é um modelo pioneiro de construção inspirado no Cradle to Cradle e desenhado para a Economia Circular. O edifício foi realizado em parceria entre a Flock e Okna arquitetura, e teve planejamento para otimização contínua dos recursos envolvidos. É uma alternativa de construção que promove interações positivas entre o ser humano e a natureza. Para isso, foram pensadas soluções de design que prezam pela qualidade, saúde, inovação, circularidade e modularidade.

A casa circular é construída com materiais saudáveis para os usuários e meio ambiente. Conhecemos nossos fornecedores e o percurso que cada material fez até chegar na Casa Circular. Além disso, utilizamos resíduos de outras construções ou processos como novos materiais na casa. Porém, eles devem sempre atender aos nossos critérios de saúde e bem estar.

Do projeto à construção, nos preocupamos para que cada material ou componente da casa possa ser separado dos demais para retornar aos ciclos, sejam técnicos ou biológicos. Assim, os materiais podem ser reaproveitados para próximos ciclos de vida, em outras construções ou novos produtos.

Além disso, a Casa Circular é um banco de materiais. Neste projeto cada material tem o seu devido valor, que deve ser recuperado quando seu uso não for mais necessário. Além disso, a casa tem iluminação natural e ar fresco abundantes, captação e reuso de água e nutrientes, ótima orientação solar para utilizar energia renovável em abundância.

A primeira Casa Circular foi construída em Pinheiros, São Paulo. O modelo é uma construção para abrigar um ateliê de arte. O projeto é resultado de muito estudo e pensamento sobre como construir de forma circular, rápida, sem desperdício, com viabilidade financeira, qualidade e estética.

Sem cola. A casa foi feita para montar e desmontar, reduzir ou ampliar: a construção foi desenhada para ser desmontável, e mais importante do que utilizar materiais reciclados é que eles sejam recicláveis para os próximos ciclos.

Obra rápida e limpa. Foram 25 dias para produção e montagem, sendo que apenas 10 dias de obra! E não foi necessário nenhuma caçamba, pois nesta obra não geramos resíduos! Ao contrário: reutilizamos materiais que eram resíduos de outras construções como insumos em nosso atelier. A fundação foi feita com pneus descartados e brita e os fechamento externos da casa foram feitos em madeira de pinus provindos de formas de concreto de uma outra obra.

Estamos em busca de parceiros e apoiadores para continuar experimentando e aprimorando a Casa Circular. Vem com a gente!

 

Veja o que saiu sobre a Casa Circular na mídia:

UOL – A casa com vida infinita

Archidaily – Casa Circular: arquitetas projetam atelier baseado na economia circular e princípios de sustentabilidade

Ideia Circular – Casa circular mostra na prática o que é um edifício circular

Átomo: Em harmonia com o meio ambiente

 

Atelier em Sao Paulo em construção

O projeto do Atelier, realizado em parceria da Flock com Okna, trabalha o conceito de circularidade em todos os seus processos. A casa, saudável e modular, está em construção, mas em breve traremos mais novidades!

Casa Viva – a casa da abundância e da vida saudável

Nos inspiramos no conceito Cradle to Cradle ® para criarmos esse projeto da Casa Viva, que ficou entre os finalistas do Concurso Público Nacional de Arquitetura – Casa da Sustentabilidade – sede do COMDEMA na Lagoa do Taquaral – Campina, organizado pelo IAB- Campinas. O projeto foi realizado em co-autoria de Léa Gejer, Katia Sartorelli Veríssimo, Marilia Rondinelli Boccia, Marta Levy e Thiago Reple e colaboração de Andre Gambini, Fernando Pinheiro Boccia e Felipe Pinheiro.

Entendemos que habitar é transformar intencionalmente a natureza, dotando de sentido e de valor, a casa, é o  produto dessa transformação. Localizada no parque Portugal, lagoa do Taquaral, em Campinas, a Casa Viva propõe uma outra forma de morar consciente e integrada a natureza, aliando tecnologias sustentáveis de ponta a saberes da casa vernacular brasileira. A Casa Viva  é um espaço destinado a geração de abundância, manutenção da vida e da saúde humana.

Mas, falar de morada em um edifício sede do COMDEMA e de exposições? Embora o programa não seja o de uma casa familiar, as funções: lazer, comer, descansar, brincar, trabalhar, etc. estão presentes nesse projeto e podem nos ensinar que habitar  a casa, o edifício, o parque, a cidade, o planeta requer o mesmo cuidado e afetividade.  Uma “casa” modelo com o uso de diversos materiais e tecnologias para repensar e inspirar o modo de habitar a própria casa e o planeta.

As soluções adotadas estão sempre à mostra e todo o sistema é desenhado de forma circular, ou seja os resíduos de um processo são entendidos como alimentos e não geram lixo. Em todos os edifícios a água e os nutrientes são parte de um ciclo fechado integrado a natureza ao entorno. A energia solar e o vento são utilizados em sua máxima potencialidade em todos os blocos, seja pela redução de consumo, de forma passiva, através do uso de ventilação cruzada, dutos de ventilação, e iluminação indireta, como através da produção energética com painéis fotovoltaicos e mini-turbinas eólicas. A produção de alimentos dispersada pela área de intervenção também é uma forma de produção de energia, que junto ao paisagismo ornamental, dá suporte à uma vasta gama de espécies.

Assim como sistemas naturais, os sistemas integrados de água, energia e nutrientes abastecem positivamente  o local, além de conectar a Casa Viva ao parque do Taquaral. As tecnologias de tratamento da água, as quais utilizam plantas e animais como infraestrutura, ficam na superfície, propiciando uma nova relação dos usuários com o meio ambiente – trazendo à vista o poder regenerativo de sistemas naturais, requalificando a paisagem, aumentando o tempo de escoamento e gerando  benefícios estéticos e de conforto.

A casa vai além da sustentabilidade: é um local de abundância e geração de biodiversidade mantenedor da vida saudável.

 

QuickScan Cradle to Cradle®

A Natura iniciou projeto de QuickScan sobre um de seus produtos. O QuickScan oferece informações preliminares sobre o potencial Cradle to Cradle® e recomendações para um primeiro passo para otimização ou certificação de acordo com o programa de certificação internacional de produtos Cradle to Cradle CertifiedTM.

Atualmente, um número crescente de designers e fabricantes – juntamente com o expressivo aumento do número de consumidores conscientes – estão estabelecendo novas expectativas em relação à qualidade do produto. Novas questões devem ser abordadas no projeto uma vez que os produtos são julgados não apenas quanto à sua estética ou funcionalidade, mas também quanto ao seu impacto sobre o meio ambiente, sobre a saúde das pessoas e também quanto à sua capacidade de ser reutilizado na economia circular e o QuickScan é o primeiro passo para esta direção.

Prêmio: Concurso Nacional Ensaios Urbanos

A equipe da Flock, juntamente com a Arq. Paula Dedecca, Arq. Gabriela Ortega, Laura Figueiredo e Bia Crocco, foi premiada pela proposta apresentada ao “Concurso Nacional Ensaios Urbanos: desenhos para o zoneamento de São Paulo“, promovido pelo IAB- SP e Prefeitura de São Paulo (SMDU).

Nossa proposta trata os Corredores Urbanísticos como catalizadores do desenvolvimento econômico e social através da integração de modais de transporte, áreas verdes, da malha urbana e da criação de espaços públicos (fluxos, infra, ambiental). Tratamos a quadra urbana ao invés do lote e assim propomos os corredores como irradiadores de um novo desenho urbano e de paisagem, criando identidade para a cidade.

Para mais informações clique aqui:

Concurso Nacional e Ensaios Urbanos – IABSP

Projeto Impulso

Nosso Projeto Impulso é um dos finalistas aptos a participar das próximas fases do edital proposto pela Prefeitura de São Paulo. A Flock coordenou e idealizou o Coletivo Impulso, um grupo interdisciplinar de profissionais formado para o desenvolvimento do estudo de pré-viabilidade para o Arco Tietê, uma área de 6.000 ha ao longo da várzea do rio.

Em dois meses, elaboramos uma proposta de caráter conceitual e propositivo, com o objetivo de apresentar estudos de transformação urbana baseados em quatro modelagens: (A) Modelagem Urbanística; (B) Modelagem Jurídica; (C) Estudos Econômicos; (D) Meios de Interação Social e Institucional. Abordamos o período de 32 anos (2013- 2045) que podem ser faseados a cada 04 ou 08 anos, de acordo com os mandatos dos prefeitos, e indicamos um formato de sociedade de economia mista para que os benefícios diretos e indiretos, estimados em 3,2 bilhões anuais, possam ser atingidos em longo termo.

conceito

 

Nosso conceito parte da história do rio Tietê. Um rio meandroso que pulsava ao cortar o território, que tinha vida e se relacionava proximamente com as pessoas e com a cidade de São Paulo. Um rio que morre ao ser retificado e canalizado, que segrega física e socialmente suas margens norte e sul, que perde o vínculo com as pessoas e é lembrado somente por suas enchentes, poluição e danos. A proposta do Projeto Impulso, considera o rio Tietê como o re-articulador das relações sociais, ambientais e econômicas no território do Arco Tietê e traz de volta o rio para o convívio dos cidadãos.

Para o projeto completo clique aqui: http://coletivoimpulso.wix.com/projetoimpulso

Impulso_elogio-ao-rio-tiete

 

FATMA e FAPESC

A Flock foi convidada para fazer a consultoria em formatação sustentável para a proposta da JMN Arquitetos para o concurso público para o projeto do edifício sede da FATMA (Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina) e FAPESC  (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina) em Florianópolis- SC- Brasil.

A teoria Cradle to Cradle foi utilizada para garantir o fechamento dos ciclos de água, energia e materiais, e priorizando o convite da diversidade no edifício e seu entorno. Foram seguidos três passos para cada ciclo: (1) Redução da demanda, (2) Reutilização de fluxos no local e (3) Uso de fontes renováveis e geração de alimentos para o entorno.

Como resultado da aplicação de técnicas de arquitetura e paisagismo integradas e de baixo custo de execução e manutenção, conseguimos atingir a redução de consumo de até: 35% energia; 50% água e 60% resíduos.

Também foi sugerido um percurso educativo para a sustentabilidade, no qual o visitante será guiado por todos os estágios dos ciclos de água, energia e materiais, onde serão explicadas e demonstradas as principais estratégias utilizadas para que o metabolismo circular do edifício fosse concretizado.